" Não sei realmente o que pensar quando leio a crítica, favorável ou desfavorável ... ela não me dá o sentimento de que eu saberei como fazer na próxima vez em que me sentar para escrever, essa é a minha preocupação principal."

John Ashbery

INTRODUÇÃO Por Jim Andrews
Tradução de Alexandre Venera




Paris Connection enfoca a extraordinária "web art" que está sendo feita em Paris por seis artistas franceses: Jean-Jacques Birgé, Nicolas Clauss, Frédéric Durieu, Jean-Luc Lamarque, Antoine Schmitt e servovalve. Com entrevistas, perfis e outros textos, Paris Connection oferece uma perspectiva individual de cada um deles, assim como a de um grupo estruturalmente flexível. A coerência do seu trabalho como grupo é fascinante.

Paris Connection é uma co-publicação de quatro sites em quatro países: Brasil, Canadá, Alemanha e Estados Unidos. Nosso objetivo é apresentar todo o projeto em inglês, francês, português e espanhol. Ao escrever este texto, isso parece quase possível. Cada um dos "sites" apresenta Paris Connection em diferentes modos. As entrevistas e perfis estão em todos os "sites", mas alguns dados adicionais ao conjunto podem, ou não, ser incluídos pelos produtores em seus "sites". Isto pode criar alguma diferença no modo como o projeto é apresentado.

Individualmente, os seis artistas franceses são alguns dos artistas da "web" mais brilhantes do planeta. E, como eles são artistas da "web", você consegue ver o trabalho original, em vez de uma representação desses trabalhos.

Algo maravilhoso está se desenvolvendo em Paris. Quase todos esses artistas se conhecem, exceto servovalve que não se encontrou com Clauss, até o momento em que escrevi este texto; essa é a única dupla que não se encontrou. Muitos deles já trabalharam juntos, em colaboração. Todos eles usam o "Director" da Macromedia, menos Birgé, assim a colaboração é mais fácil do que se eles usassem ferramentas diferentes. A síntese de artes, mídias, matemática, programação e colaboração entre os seis artistas, dentro da obra de cada um, é algo digno de ser visto.

Três deles, Durieu, Schmitt e Lamarque, são artistas-programadores. O "Director" tem estado no repertório deles durante dez anos; eles trabalharam em CD antes da "web" e ainda fazem alguns projetos, pois os CDs permitem uma mídia "mais pesada". Mas se você visitar os seus trabalhos, não vai encontrar muitas semelhanças estilísticas, ou até mesmo conceituais, embora haja algumas semelhanças interessantes que as entrevistas e perfis exploram um pouco.

A experiência de servovalve não é a de um programador, não como Durieu, Schmitt, e Lamarque, mas o trabalho dele está passando progressivamente para esse campo com, eu diria, considerável sucesso e energia. Tem-se uma sensação visual minimalista da música visual trabalhada nas canções codificadas e técnico-visuais de servovalve. O visual, o sonoro, e a programação em "Lingo" mantêm uma relação bem coesa.

servovalve compartilha com Lamarque e Birgé essa obsessão pela música de multimídia. O trabalho de Lamarque em "Pianographique" também é musical e visual na mesma medida. Mas novamente, fora isso, não é fácil comparar o trabalho de servovalve com o de Lamarque. O "Pianographique" de Lamarque é um instrumento interativo. A obra de servovalve não enfatiza a interatividade da mesma maneira, e a música e o visual são específicos dele. servovalve também é um músico performático e visual, ele faz shows com suas obras.

E tem o Jean-Jacques Birgé, com grande experiência em diferentes midias, que escreve muitos artigos para jornais e revistas, faz poesia e letras para canções, dirigiu alguns filmes, produziu dúzias de gravações, apresentou centenas de espetáculos ao vivo, compôs música para duzentos filmes, teatro, balé, rádio, CD-Roms, "sites web" e grandes apresentações; mas como é o único que não usa o "Director", ele colabora com os outros; trabalhou com Schmitt, Durieu, Lamarque, e Nicolas Clauss fazendo as trilhas de áudio para muitos dos trabalhos deles, e não só produzindo o som, mas trabalhando de um modo completamente integrado nas partes interativas e visuais e outras coisas, isto é, numa plena colaboração. Birgé trabalha realmente mais com cada um deles do que quaisquer outros entre si. Eles tendem a se encontrar na casa dele. E Birgé provavelmente é o mais conhecido, dentre os seis. Ele é conhecido como o homem da música de multimídia na França e trabalha intensamente, não apenas com os seis artistas, mas no áudio de muitos projetos em muitas mídias.

Nicolas Clauss trabalha regularmente com Birgé, o qual é o responsável pelo som da maioria das obras que se encontram no "site" de Clauss. Na essência, Clauss é um pintor, assim como Lamarque. É muito interessado em filme e vídeo. Suas artes visuais são feitas à mão e no celulóide. Ele não é um programador, mas o seu trabalho está nos interstícios entre a pintura, a codifição, o filme, e o áudio, e particularmente pela sua habilidade bem desenvolvida para colaborar, o que resultou numa obra que tem sido merecidamente reconhecida.

Olhando o trabalho de qualquer um deles, nos sentimos bem impressionados. Ao olhar os trabalhos deles todos juntos, as relações entre seus distintos enfoques e temas são, na minha opinião, fascinantes e o alcance de seu trabalho tomado em conjunto é amplo mas abrangente. Isso tem a ver, sem dúvida, em parte com o fato que todos são trabalhos em "Shockwave". "Shockwave" é um editor Flash de alto nível. O "Director" vem sendo usado desde 1987. A ênfase está na fusão do visual, do sonoro, do vídeo e da programação. Mas a coerência do trabalho deles, vista coletivamente, tem a ver com a influência mútua, e com as colaborações entre eles. E também, possivelmente, com as tradições da cultura francesa. Por exemplo, Guillaume Apollinaire disse:

"Esses artifícios ainda podem ir muito adiante e podem alcançar a síntese das artes, da música, pintura, e literatura... Alguém não deveria se surpreender se, só com os meios que se têm agora à disposição, pudesse preparar essa nova arte (mais vasta do que a restrita arte das palavras), na qual, como regentes de uma orquestra de extensão incrível, tivesse à disposição o mundo inteiro, seus sons e suas aparências, o pensamento e a linguagem humana, a canção, a dança, todas as artes e todos os artifícios, mais miragens ainda do que podia fazer surgir Morgana sobre o Monte Gibel para compor o livro visível e audível do futuro...)."
"L'Esprit Nouveau et les Poetès" Apollinaire, 1917

Eu gostaria de agradecer aos outros produtores, tradutores e aos artistas, como também o "The Centre For Creative Communications" em Toronto, onde eu fui Artista Residente durante a produção de Paris Connection, por sua ajuda e energia na co-produção de Paris Connection, um projeto em que todo mundo se empenhou num diletantismo colaborador.

INTRODUÇÃO Por Jim Andrews
Tradução de Alexandre Venera
 
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Co-publicado em fevereiro de 2003, Nova Iorque, Rio, Berlim, Toronto
 
Jean-Jacques BirgéFrédéric DurieuJean-Luc LamarqueNicolas ClaussNicolas Claussservovalve (Gregory Pignot)servovalve (Gregory Pignot)Antoine Schmitt